Regulamentação e painéis internacionais fecham GS Telemedicine 2019

No sábado, 6 de abril, aconteceu o último dia do Global Summit Telemedicine & Digital Health 2019, no Transamerica Expo Center. Quem abriu os trabalhos do dia foi o inglês Vishen Ramkisson, que atua no braço digital do sistema de saúde da Inglaterra, o NHS Digital

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No sábado, 6 de abril, aconteceu o último dia do Global Summit Telemedicine & Digital Health 2019, no Transamerica Expo Center. Quem abriu os trabalhos do dia foi o inglês Vishen Ramkisson, que atua no braço digital do sistema de saúde da Inglaterra, o NHS Digital. A apresentação foi focada na forma que eles estão usando a tecnologia para empoderar os pacientes no mundo digital.

“Não sei como é no Brasil, mas atualmente na Inglaterra a demanda por atendimento primário é enorme. As pessoas esperam até quatro semanas por uma consulta, isso está ficando insustentável. Precisamos de auxílio da tecnologia. Por isso, temos ferramentas como o NHS 111 [chatbox que identifica sintomas do paciente], um aplicativo e um site”, explicou Ramkisson.

Conforme detalhou, essas e outras ferramentas permitem aos cidadãos acessar a assistência médica facilmente on-line, marcando consultas, escolhendo os profissionais e os locais de atendimento preferidos, entre outras facilidades. “Antes era frustrante, precisava ligar ou escrever para marcar. Espero que isso também diminua o número de faltas”, completou.

Painel internacional
Na sequência, Antonio Carlos Endrigo, diretor de Tecnologia da Informação da Associação Paulista de Medicina, e Jefferson Gomes Fernandes, presidente do Conselho Curador do GS, mediaram o painel internacional “The Practice of Telemedicine & Digital Health” – que contou com a presença de Ramkisson e outros três especialistas.

O primeiro a falar foi Daniel Kraft, da Singularity University dos Estados Unidos, que focou na evolução tecnológica e os desafios que ela impõe aos médicos. “Como imaginar a assistência médica para os próximos anos? Haverá coisas como a utilização da genética para realizar associações, prever quais doenças um indivíduo poderá ter e realizar prevenção. Isso vai ser parte do cuidado virtual.”

Além disso, o especialista falou da entrada dos wearables, dos avanços da internet das coisas e outras novidades. “O que isso significa? Isso ajudará o paciente a fazer um resumo de suas informações? Ou ajudará o médico de maneira prática? Como treinar os profissionais de hoje, as pessoas que trabalham com Saúde? Talvez pensaremos diferente em quem iremos selecionar para as faculdades de Medicina no futuro, vendo quem é bom de sistemas ou dados”, refletiu.

Ao fim, resumiu dizendo que o futuro da assistência médica virtual depende da convergência de diferentes tecnologias. “Há um crescimento exponencial [de tecnologias], o que certamente ficará mais poderoso na próxima década. Não vai ser uma coisa ou outra, vai ser tudo em tempo real, com sistemas implementados de maneira contínua. Não dá para imaginar o que irá acontecer nos próximos 10 anos”, finalizou.

Gus Gardner, da companhia estadunidense Optum, participou falando das consultas digitais para estratificação de risco, exemplificando com modelos que mesclam tecnologias on e offline para melhorar o acesso da população à saúde. Vishen Ramkisson voltou ao palco para expor a atuação do NHS com a população idosa.

Regulação
Outro ponto alto do dia foram as discussões sobre a regulamentação da Telemedicina no Brasil, moderadas por Antônio Carlos Endrigo. Acompanharam-no o presidente e o vice-presidente da APM, respectivamente José Luiz Gomes do Amaral e Jorge Carlos Machado Curi, além de Chao Wen e György Miklos Böhn, ambos especialistas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Curi, que também é conselheiro do Conselho Federal de Medicina, explicou todo o trabalho desenvolvido no órgão para o estabelecimento da resolução 2.227/2018, que regulamentava a Telemedicina – publicada no dia 7 de fevereiro e revogada no dia 22 do mesmo mês, após protestos da classe médica pela falta de debates e envolvimento com o assunto.

Amaral fez um paralelo com outro momento da história da humanidade. “Galileo, quando descobriu o telescópio, não foi tão bem recebido, com polêmicas surgindo em torno disso. O telescópio não nos fez mais longe das estrelas, mas pudemos vê-las muito melhor. Além disso, vimos estrelas que não conhecíamos. Talvez como os pacientes na fila, distantes, que agora poderão estar perto. Turbulência certamente era esperado, mas historicamente será superada”, declarou.

Além disso, o presidente da APM defendeu a necessidade de uma resolução que seja adaptada à vertiginosa mudança de cenário que ocorre nos dias atuais. “É necessário que isso se faça para que a tecnologia nos seja útil. Se não, iremos enterrar o progresso e nos afastarmos das estrelas. Seria como se, ao vermos o telescópio sem saber como aquilo funciona, olhássemos pelo lado errado, ficando mais distantes das estrelas.”

Em seu último dia, o evento teve muitas outras discussões. Cláudio Lottenberg, da United Health Group, falou sobre a Telemedicina como uma via expressa para o mundo digital em Saúde. “Ótima oportunidade para discutirmos não aspectos simplesmente da Telemedicina ou do contexto da Saúde dentro da perspectiva digital, mas talvez sobre o que temos em termos de desafio em relação ao futuro.”

Outros painéis discutiram a Saúde digital a partir de aspectos financeiros, de certificações digitais, ética, responsabilidade etc. Ao todo, foram 30 painéis em quatro dia de eventos, além de 13 conferências. A próxima edição do Global Summit Telemedicine & Digital Health ocorre no primeiro semestre de 2020.