Telemedicina: terceiro dia do GS traz exemplos nacionais e internacionais

Daniel Kraft, médico norte-americano com especialização pelas universidades de Stanford e Harvard, iniciou sua conferência no Global Summit Telemedicine & Digital Health, no dia 5 de abril, no Transamerica Expo Center

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“Estamos caminhando para a quarta revolução industrial, mas a área da Saúde está um pouco atrasada nesse sentido. Nos Estados Unidos, por exemplo, ainda é muito comum usar fax para transmitir informações e as filas de espera para atendimento afetam quase todos os países do mundo. É importante encontrar novas maneiras de repensar a saúde”. Foi com essas palavras que o palestrante Daniel Kraft, médico norte-americano com especialização pelas universidades de Stanford e Harvard, iniciou sua conferência no Global Summit Telemedicine & Digital Health, no dia 5 de abril, no Transamerica Expo Center.

Com mais de 25 anos de conhecimento em prática clínica, pesquisas biomédicas e inovação em saúde, Kraft apresentou sistemas tecnológicos que visam democratizar a assistência médica, como “uberização”, telecirurgia, sensores digitais, smartphones, drones e coaches de saúde. Ele acredita que, em futuro próximo, haverá uma convergência absoluta de todas as novas ferramentas tecnológicas.

“Esses avanços dobram a cada seis ou 12 meses. Hoje, estamos em 2019, mas não sabemos ainda o que virá em 2020. E é importante lidar com as dificuldades de acesso no Brasil e em outros lugares do mundo, como o envelhecimento populacional, a falta de profissionais médicos e 5 bilhões de pessoas desassistidas. Precisamos combinar novas mentalidades e tecnologias e repensar os cuidados em saúde a longo prazo”, reforça.

Em seguida, o especialista israelense Pi Ben-Elazar, diretor executivo da Mor Research Applications (IL), contou sobre a experiência de inteligência artificial aplicada há 22 anos em Israel, com 2 mil clínicas, 14 hospitais integrados e 4 milhões de associados. O sistema permite geocodificar e personalizar a assistência. “Com o nosso sistema unificado, sabemos inclusive se o paciente tomou ou não o medicamento, porque temos farmácias conectadas, e se fez ou não o exame solicitado, por exemplo”, explica.

Robert Wah, ex-presidente e membro do Conselho da American Telemedicine Association, citou exemplos como o de um hospital em Beijing, na China, que possui um aplicativo para o paciente agendar horário de consulta, pagar e obter os resultados de exames o mais breve possível. “Esses avanços devem ser vistos como ferramentas para salvar a vida das pessoas. E a relação médico-paciente deve ser sempre levada em consideração.”

Já o congressista alemão Tobias Zobel, gerente da Plataforma de Inovação em Saúde Digital D.hip, reitera que, antes da facilidade de se interpretar os dados de um assistido, a prevenção é um dos principais tópicos para otimizar e melhorar os sistemas de saúde hoje. “O deep reasoner é um exemplo de como a inteligência artificial coleta todas as informações de combinação de DNA de seu paciente, formando um banco de dados com problemas semelhantes. Isso aumenta as chances de um tratamento bem-sucedido.”

O renomado pesquisador português Luís Velez Lapão destacou a necessidade de as instituições hospitalares conhecerem bem os recursos tecnológicos para fazer a escolha certa de implantação, bem como uma equipe profissional capacitada para lidar com os regulamentos jurídicos e serviços digitais.

Docente de Gestão de Projetos em Informática Médica na Universidade do Porto, de 2007 a 2009, ele também falou de encontros conduzidos com representantes de mais de 20 países para compartilhar experiências. “Médicos e enfermeiros precisam de treinamentos específicos porque são parte importante dessa revolução. Precisamos entender e assegurar essas mudanças.”

Por sua vez, o especialista Klaus Boehncke – reconhecido em disciplinas sobre estratégia digital, tecnológica e de negócios, bem como suporte ao gerenciamento de programas – destacou o serviço da Teladoc, empresa de Telemedicina que usa tecnologia para fornecer assistência via dispositivos móveis, internet, vídeo e telefone.

Com uma rede de expansão em 125 países, possui 50 mil médicos, com a realização de mais de 2,5 milhões de atendimentos. Segundo dados, 92% dos casos são resolvidos no primeiro contato e 95% dos assistidos ficaram satisfeitos com o serviço. O especialista alertou também sobre segurança: “Quando desenvolverem suas estratégias de Telemedicina, é importante escolher bem os parceiros. Trabalhem com uma boa estratégia de proteção dos dados dos pacientes”.

Realidade brasileira
O período da tarde foi marcado por diversas rodas de conversas e debates. Dentre as abordagens, Erika Fuga, diretora de Sinistros de Saúde da SulAmérica, falou da plataforma digital da seguradora que, focada em sustentabilidade, possui uma rede multidisciplinar de profissionais, com quase 1.200 médicos, beneficiando mais de 100 mil pessoas nas 200 mil consultas já realizadas. São mais de 75 atendimentos realizados por dia.

Ao abordar a experiência dos hospitais no atendimento de AVC, a diretora de Relações Institucionais da Unitedhealth Group Brasil (UHG), Laís Perazo, reiterou que o mercado privado precisa de incentivo governamental e de regulamentação no serviço tecnológico a distância para que haja avanços na área.

O diretor médico da Omint, Marcos Loreto, também concorda que a regulamentação é mais do que necessária, e apresentou um projeto estruturado entre empresas e Academia para a Telemedicina, aumentando a experiência no mercado e a melhoria da saúde populacional e diminuindo o custo per capita.

Para fechar, o diretor médico da Teladoc Health, Caio Seixas Soares, falou sobre os serviços clínicos integrados com mais de 600 mil vidas atendidas, em cerca de 20 mil ligações por mês, com nível de satisfação alto.

Por fim, o diretor de Tecnologia da Informação da APM, Antonio Carlos Endrigo, moderou um painel sobre a Plataforma DataOpera, repositório eletrônico que reúne um conjunto mínimo de dados de saúde, das ações e prestações de serviços públicos e privados, o que facilitará o acesso às informações clínicas e ao histórico médico do assistido.

Ou seja, visa melhorar a rotina de atendimento aos pacientes, médicos e outros profissionais da saúde. Também estiveram presentes os representantes parceiros do projeto: Omar Rodrigues, da DXC.technology; Paulo Salomão, da DTO; e Vinícius, da Soluti.