Brasil notificou mais de mil intoxicações por mercúrio em 15 anos

Boletim Epidemiológico divulgado recentemente pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, atrelada ao Ministério da Saúde, indica que o Brasil registrou 1.103 casos de intoxicação exógena por mercúrio de 2006 a 2021

Últimas notícias

Boletim Epidemiológico divulgado recentemente pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, atrelada ao Ministério da Saúde, indica que o Brasil registrou 1.103 casos de intoxicação exógena por mercúrio de 2006 a 2021. Roraima, Distrito Federal e Maranhão foram os estados com as maiores taxas, 1,49%, 0,12% e 0,11%, respectivamente.

Roraima foi o estado que apresentou a maior taxa de incidência durante o período de análise, totalizando 16,5 casos a cada 100 mil habitantes. Em seguida, está o Espírito Santo, com 1,78 caso/100 mil habitantes; Paraná, 1,31 caso/100 mil habitantes; e Distrito Federal, acumulando 1,23 caso/100 habitantes.

Vale destacar que durante toda a pesquisa, os anos de 2016 e 2020 foram os que apresentaram a maior incidência em 100 mil habitantes, totalizando 13,7% e 13,4% do total de intoxicações registradas, respectivamente.

Perfil dos infectados

De acordo com as informações do boletim, houve o registro de intoxicação em 51,41% de pacientes do sexo masculino, sendo 42,79% deles brancos. As 48,6% das intoxicações restantes foram em indivíduos do sexo feminino e a raça branca também foi a mais afetada, com 21,4% dos casos.

Os dados consolidam a preocupação em relação às mulheres em idade fértil, gestantes, lactantes e crianças expostas ao mercúrio, visto que o metal pode atravessar a barreira hematoencefálica, trazendo graves efeitos adversos à saúde do feto, podendo ser ainda mais letal que nos adultos.

As informações apontam ainda que uma parte considerável da contaminação por mercúrio aconteceu em crianças. A faixa etária de maior prevalência foi entre zero e cinco anos, totalizando 43,06%, com exposição digestiva sendo a mais prevalente nos quadros. Nos casos de crianças entre seis e 10 anos, a intoxicação por ingestão de mercúrio também chama a atenção, já que totaliza 7,98% dos casos.

As notificações relatam que a infecção por mercúrio em povos indígenas totaliza 69,33% em mulheres de zero a 60 anos e 30,67% em homens desta mesma faixa etária. No caso das mulheres indígenas, exposição ambiental e acidental foram as mais notificadas (38,17%). Já no caso dos homens, a maior prevalência foi por causas acidentais (35%), e uso habitual, correspondendo a 6,26% do total.

Em relação ao local de exposição, 61,47% dos casos totais aconteceram na residência dos pacientes; 21,31% no ambiente de trabalho; e 15,14% foram ignorados ou não informados.

Características

O mercúrio é considerado um metal pesado e uma substância química altamente perigosa. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), se configura como um grande problema de saúde pública, podendo se apresentar de forma isolada ou combinado com uma série de outros elementos químicos. O contato com o metal está diretamente associado a graves alterações fisiológicas e neurológicas, podendo, em alguns casos, até mesmo levar a óbito.

Os sintomas da infecção variam e costumam se alterar de acordo com o tempo de exposição e a forma química de apresentação do metal. Os pacientes podem apresentar danos pulmonares, irritação ocular, náuseas, vômitos, alterações cardiovasculares, alterações gastrointestinais, além de gradativa insuficiência renal.

Uma das maiores vias de exposição humana é o consumo de pescados contaminados por metilmercúrio – variação que se configura como uma das mais tóxicas e que possui ampla absorção no sistema gastrointestinal, sendo facilmente distribuído pelo corpo.

As intoxicações ocasionadas pela exposição a termômetros que utilizam a substância representam 22% do total. Além disso, outros 18,3% ocorreram por exposição; 4,3% por contato com lâmpadas fluorescentes; 1% por esfigmomanômetros; e 0,2% por amálgamas dentárias.

Já os registros de intoxicação por mercúrio inorgânico acumulam 85,3% das notificações por contato com pilhas e 3,4% por baterias.

Para proteger populações vulneráveis e evitar os riscos relacionados ao contato com mercúrio, o Ministério da Saúde destaca a necessidade de desenvolver ações integradas, estratégias de vigilância e atenção à saúde para populações e trabalhadores expostos aos riscos.