Na última segunda (6), o Governo do Estado de São Paulo prolongou a quarentena até o dia 22 de abril para conter a contaminação por COVID-19 e não sobrecarregar o sistema de Saúde. E como doença, morte e distanciamento social têm um impacto significativo no psiquismo humano, o renomado o psiquiatra forense Guido Arturo Palomba, diretor Cultural Adjunto da Associação Paulista de Medicina, dá algumas dicas para este período de isolamento social.
“As mensagens verídicas que temos hoje são totalmente negativas, nada pior para o ser humano ter contato com relatos de enfermidade, óbitos e isolamento, lembrando que tudo isso é coletivo, universal, uma crise da humanidade. Em primeiro lugar, precisamos ter em mente que isso é passageiro. No decorrer da História, já tivemos outras crises extraordinárias, tão graves quanto, superadas”, reforça.
De acordo com Palomba, a atividade corporal é uma arma psicológica fundamental para manter o pensamento positivo. “Lembramos daquele velho ditado ‘menta sã, corpo são’. Por exemplo, não importa se sua casa é pequena, separe 15 minutos diários para fazer uma caminhada por ela. Coloque uma música e ande durante o período estipulado, organize-se para fazer como se fosse uma lição de casa e tenha a sensação de tarefa cumprida”, orienta.
O psiquiatra acrescenta ainda que o momento é propício para aprimorar a mente, seja para aprender um idioma, ler, fazer cursos remotos ou desenvolver alguma habilidade criativa, artística. “São recursos fundamentais, básicos, simples e necessários. São muitas horas ociosas a serem aproveitadas para aprimorar uma língua, com os diversos cursos on-line gratuitos disponíveis. E sempre destaco: organize seu tempo, reinvente sua rotina para aproveitá-la da melhor forma neste período de isolamento.”
Família versus individualidade
Não importa se você mora sozinho ou vive em um núcleo familiar, a quarentena atingiu a rotina diária do coletivo. No aspecto individual, todos estão passando pelo processo de recriar a própria realidade. “Todos os hábitos foram reinventados, seja de alguém que vive com a família ou que mora sozinho. As limitações são para todos, em suas diferentes circunstâncias. E fica uma sensação negativa de quando isso vai acabar. Sim, isso vai acabar e temos de lidar com a ansiedade para que não haja tanto sofrimento”, diz o diretor da APM.
Por fim, Palomba acredita que uma vivência dolorosa coletiva traz alterações psíquicas importantes voltadas para o bem-estar social. “Quando se vive um trauma muito grande, a maioria das pessoas passa a enxergar o mundo de outra forma, valoriza fatos que não valorizava antes, entende melhor o próximo e amplia o sentimento altruísta. Claro, a duras penas, muitos só saem fortificados quando entendem o que é um sentimento doloroso.”