Na última quinta-feira, 20 de outubro, o Programa Compromisso com a Qualidade Hospitalar (CQH), mantido pela Associação Paulista de Medicina (APM), promoveu o webinar “O Futuro do Trabalho, é Remoto?”.
A discussão em torno do teletrabalho em Saúde ainda é muito presente nas organizações, e para falar sobre esse tema tão relevante para a atualidade, a coordenadora de Recursos Humanos da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo e do Grupo de Benchmarking Pessoas do CQH, Maria Aparecida Novaes, mediou o encontro virtual – com o mestre em Gestão e Políticas Públicas, Murilo Lemos, e o diretor de Gestão de Pessoas da Rede Santa Catarina, Lélio Tocchio.
Com mais de 20 anos atuando em gestão pública, Lemos agradeceu o convite e, antes de entrar no tema do webinar, falou sobre o sentido do trabalho em nossas vidas e a importância de buscar o autoconhecimento. Essa é uma reflexão necessária, segundo ele, porque nos ajuda a focar naquilo que a gente faz bem naturalmente. “Quando se faz um trabalho bem-feito, é reconhecido e recompensado, e mesmo assim não gosta do que faz, pode começar o sofrimento psíquico. Daí a importância de enxergar o propósito no que se faz”, afirma. E complementou que a pandemia nos alertou para essas questões.
Outro ponto levantado pelo palestrante é que o profissional, muitas vezes, tenta criar uma barreira entre a vida pessoal e profissional e acaba adoecendo. Isso porque dissociar uma atividade da outra é impossível, de acordo com ele, e o que se espera é o equilíbrio. “Quantas vezes um colaborador tem um problema em casa e não consegue disfarçar no trabalho? Porque é isso, estamos tratando com um ser humano e o gestor precisa saber lidar com a situação. As organizações de modo geral precisam ter empatia legítima com seus colaboradores.”
Sobre o teletrabalho, o especialista lembra que teve uma experiência emergencial no início da pandemia e que, na época, não tinha nada preparado. Para ele, antes de adotar o teletrabalho é necessário levar em conta várias coisas, como ambiente organizacional, cargo, unidade, dimensões das competências, recursos tecnológicos, perfil do colaborador, mobiliário ergonômico para evitar a LER (Lesão do Esforço Repetitivo), perfil do trabalho e como ele é feito, além de procurar saber se a casa do colaborador tem condições de criar um escritório.
“Hoje, o que muitas empresas fazem é alugar coworkings. Para mim, no futuro teremos o híbrido oficializado. Por mais que estejamos lidando com a Tecnologia, lidamos antes com seres humanos, e aí que move o desafio”, concluiu.
Resultados positivos
Por outro lado, Lélio Tocchio conta que começou um projeto de teletrabalho em 2019, antes mesmo do início da pandemia. Um dos motivos da sua empresa aderir ao modelo foi o tempo de deslocamento dos colaboradores.
Segundo ele, a decisão foi pensada e muitas coisas verificadas antes, como questões legais, ergonomia, internet e espaço. O executivo contou ainda que muitas pessoas não tinham espaço e isso foi levado em conta. “Nós respeitamos e também avaliamos a questão familiar. Aqui, é respeitada a individualidade de cada colaborador”, explica.
Além disso, uma pesquisa foi realizada com os funcionários e o resultado foi expressivo, com 99% de satisfação. “No caso do teletrabalho, damos ajuda de custo e achamos importante investir em treinamentos. Não é porque o colaborador está fora do escritório que não vamos cuidar dele, pelo contrário, precisamos cuidar muito bem. Não ter que se deslocar reduziu o stress do colaborador, aumentou a concentração e melhorou a entrega. Entendemos que o trabalho pode ser feito de qualquer lugar e não precisa estar no escritório para isso. As empresas precisam ter uma mentalidade aberta”, acrescenta.
De acordo com o palestrante, o mundo está em transformação e muitas empresas não estão preparadas ainda, mas é uma questão de tempo: “É preciso focar na solução e não no problema”.
Texto: Alessandra Sales
Foto: Reprodução Webinar CQH