O painel Inovação marcou o encerramento da 4ª edição do Global Summit Telemedicine & Digital Health – evento realizado pela Associação Paulista de Medicina, em parceria com o Transamerica Expo Center, entre os dias 4 e 6 de outubro. Com moderação de Ademar Paes Jr., presidente da Associação Catarinense de Medicina, o espaço teve palestras de Roberto Botelho, presidente da Fundação Adib Jatene; Rodrigo Bornhausen, diretor Executivo de Inovação do Hospital Israelita Albert Einstein; e Victor Gadelha, head de Inovação Médica em Hospitais do grupo Dasa.
Com o tema “Escalando Inovação em Saúde”, Bornhauseb falou das iniciativas e como a tecnologia está transformando os segmentos da Saúde. Citou sua estrutura de Inovação composta por três frentes: Health Innovation Techcenter (HIT), Health Design Lab (HDLAB) e Eretz.Bio. De acordo com ele, o HIT ajuda o mercado a criar soluções de alto impacto para o sistema de Saúde no Brasil e no mundo, com foco no desenvolvimento de novos softwares em grandes empresas.
Já o HDLAB contribui para entender e validar as necessidades e para pensar em soluções e estratégias de implementação por meio do design, utilizando metodologias de inovação para melhorias de processos e desenvolvimento de novos produtos. “Para promover uma constante transformação cultural e transpor os desafios impostos pelo setor da Saúde, a instituição vem investindo em tecnologia e equipamentos, mas, principalmente, na formação de capital humano – especialistas em gestão de inovação, propriedade intelectual, engenheiros, cientistas da computação, designers, pesquisadores e demais profissionais, assumindo um compromisso com a transformação cultural e de educação em inovação”, explicou.
Por último, falou do Eretz.bio – hub de inovação que apoia o desenvolvimento de negócios, conexão com startups, validação e implementação de tecnologia dentro do Einstein e com parceiros. “É muito importante manter essa conexão com as startups e se relacionar com elas”, reforçou o especialista.
Quando questionado sobre a saúde pública, o diretor revelou a existência de um projeto de redesenho da sala de emergência do Pronto Atendimento do Hospital Municipal M’Boi Mirim – Dr. Moysés Deutsch, instituição que está sob a gestão do Hospital Israelita Albert Einstein. “Inovação no SUS é um desafio, e o uso inadequado das metodologias faz com que os problemas sejam sistêmicos. Por isso, nossa missão é redesenhar uma estrutura que seja ideal para o SUS.”
Dados e inovação
Dando sequência à programação do evento, Roberto Botelho ministrou a palestra “Desafios e Oportunidades na Jornada dos Dados em Saúde”. Ele, que atua com Telemedicina desde 1999, falou da transformação digital e disse ser uma poderosa ferramenta para descentralizar a complexidade, universalizar o acesso e democratizar a atenção em Saúde.
De acordo com o palestrante, os Estados Unidos estão bem adiantados em tecnologia no setor da Saúde – uma em cada cinco pessoas utilizam apps – e a disponibilidade de dados ganha outra posição com o 5G. “Incentivar a transformação digital não é um processo simples. Muitos acreditam que adotar tecnologias é suficiente, mas isso não é realidade. Inovação não é só tecnologia, as questões sociocultural e econômica também são essenciais”, ponderou.
Botelho acrescentou que o sistema de Saúde só perde para o aeroporto em complexidade. “Você pode até ter um sistema, mas é preciso padronizar a entrada de dados. É a ciência de dados com a ciência de processos de dados e, assim, os computadores entendem a nossa linguagem.”
Segundo o cardiologista, o gasto com ineficiência é de 40%, e a tecnologia em Saúde traz eficiência e aumento do PIB. “Com 600 mil médicos no Brasil e 40 mil sendo formados por ano, estamos diante da necessidade de incorporação de tecnologias”. Ele ainda mencionou o determinismo tecnológico, teoria que o avanço e o desenvolvimento de novas tecnologias influenciam os valores, a cultura, o comportamento e a estrutura social dos povos: “O digital vai fazendo o que tem que fazer e superar o que precisa ser superado. A transformação digital é a chave da melhoria exponencial na qualidade dos serviços médicos”.
Com o tema “Inovação Médica – Fenótipo Digital e Gêmeos Digitais”, Victor Gadelha iniciou sua apresentação explicando o conceito de fenótipo digital, que é a identificação de um padrão de comportamento por meio do uso frequente de um aparelho digital. “Com a extração e a combinação de fontes de dados, teremos o fenótipo digital profundo, e esse cruzamento de dados possibilita a precisão das informações”, afirmou.
Para alcançar valor em Saúde, a Medicina de Precisão se dá a partir da combinação do uso da tecnologia e da Medicina baseada em evidências. Desta forma, os dados e a inteligência artificial têm um papel fundamental, destacando três pilares: prevenção precisa, diagnóstico ultraprecoce e tratamento personalizado. “O diagnóstico ultraprecoce é importante para equalizar os custos em Saúde”, finalizou.
Fotos: BBustos Fotografia
