Mortes por chikungunya cresceram quase 70% no Brasil em 2022

A retomada da livre circulação de pessoas, após mais de dois anos de restrições impostas pela Covid-19, tem feito a chikungunya avançar com força no Brasil, sobretudo no Nordeste.

O que diz a mídia

A retomada da livre circulação de pessoas, após mais de dois anos de restrições impostas pela Covid-19, tem feito a chikungunya avançar com força no Brasil, sobretudo no Nordeste.

Transmitida pelo mesmo mosquito que a dengue, ela já matou 64 brasileiros em 2022, quase 4,5 vezes mais do que os 14 óbitos verificados em todo o ano passado. O volume de casos saltou de 96.288 para 162.407(68,6%).

O Ceará concentra a maior quantidade de diagnósticos e mortes pela doença no período. Ao todo, o estado já registrou 49.307 infecções em 2022, das quais 30 foram fatais, entre 2 de janeiro e 5 de setembro. Isso representa quase metade (46,8%) das vidas perdidas no Brasil para a chikungunya, doença que costuma ter baixa letalidade.

O cenário também preocupa em outros estados do Nordeste. Só no recorte de 2022, a região acumula 86,5% dos infectados do país (140,5 mil) contra 69,2% em todo o ano passado, que teve 66.693 pacientes.

As causas para o aumento dos casos guardam relação com a enorme queda da Co- vid-19, assim como com a dengue. Com o retorno dos cidadãos às ruas, o vírus também voltou a circular com mais intensidade.

— As arboviroses (dengue, chikungunya ezika) caíram na pandemia porque o fluxo das pessoas diminuiu.

As pessoas também ficaram mais em casa, o que significa que cuidaram mais do espaço onde vivem, outro as- pectoquedificultaa proliferação do mosquito. Sem isso, vemos uma escalada bastante importante dessas doenças, se aproximando a dados de 2019 — analisa a infectologista e epidemio- logista Luana Araújo.

O Nordeste apresenta uma taxa de incidência 9,6 vezes maior que a média nacional, com 243,7 casos por 100 mil habitantes. Todas as outras regiões figuram abaixo da média nacional, de 76,1 casos por 100 mil habitantes. Entre os municípios brasileiros, Fortaleza lidera, com 18.375 diagnósticos. A capital cearense é seguida por Maceió, com 4.331, e por Brejo Santo (CE), que tem 3.625.

O período de chuvas do Ceará, que ocorre no primeiro semestre, também pode ter contribuído para o avanço da moléstia no estado, avaliam especialistas.

— Em 2022, o Ceará está vivendo um dos anos com mais chuva da história recente. Isso se reflete na presença do mosquito vetor — esclarece o médico sanita- rista da Fiocruz Brasília Cláudio Maierovitch.

A melhor forma de prevenção é evitar o acúmulo de água parada em locais como calhas, caixas d agua e vasos, locais que atraem o mosquito Aedesaegypti. Repelentes, mosquiteiros e inseticidas também ajudam.

Fonte: O Globo