As constantes modernização, criatividade e atualização são formas de promover o desenvolvimento de ideias criativas e técnicas eficientes. Neste sentido, a terceira edição de 2022 do Encontro dos Hospitais Selados do programa Compromisso com a Qualidade Hospitalar (CQH) – da Associação Paulista de Medicina – foi realizada na última quinta-feira (25), tendo “Inovação” como tema central.
O encontro, que aconteceu virtualmente, foi moderado pelo presidente da Associação Brasileira de Medicina Preventiva e Social e Administração em Saúde (Abrampas), Antônio Eduardo Fernandes D’Aguiar, recebendo como palestrante o engenheiro agrônomo Victor Nehmi, profissional com ampla experiência na gestão de negócios.
“Esta é a primeira vez que vamos explorar o tema Inovação, tão importante e que faz parte do nosso modelo de gestão preconizado. É com muita satisfação que temos aqui hoje um amigo para falar sobre o assunto conosco, contribuindo para elucidar a percepção do que é necessário para se ter um ambiente que permita inovar”, destacou D’Aguiar.
Grandes projetos
Iniciando a apresentação, Nehmi destacou que o Brasil, apesar de todas as suas riquezas naturais, possui uma grande falha ao não explorar outra virtude tão valiosa quanto: a inventividade das pessoas dentro das organizações. O palestrante disse que há muito tempo vem atuando em empresas de cunho inovador, fundadas no intuito de promover novas ideias em diferentes setores – explicando que as inovações não acontecem do jeito que a população imagina, sendo que, na realidade, elas se constituem como descobertas realizadas involuntariamente.
“Hoje, há uma tendência em padronizar tudo, o que pode ser um benefício, apesar de burocrático. Todavia, há um defeito nesta ação em termos colaterais, pois ela acaba barrando novas tramitações e temos que deixar uma porta aberta para quem tem essa capacidade inovadora, pessoas com um mindset para enxergar descobertas, com a mente aberta”, introduziu.
Relembrando o passado, o engenheiro agrônomo disse que o incentivo à inventividade sempre esteve no seu sangue, de modo que seu avô foi o criador da folha sulfite, demonstrando que desde criança pôde acompanhar de perto como se realizavam processos criativos. Para ele, o que faz novas criações serem tão interessantes é justamente o fato de se estar lutando por um objetivo e, no meio do caminho, acabar encontrando uma solução que pode ser mais interessante do que aquela que estava sendo procurada inicialmente.
Diante desta conjuntura, Victor Nehmi apresentou aos participantes da reunião o desenvolvimento de um novo tipo de fruto-oligossacarídeos (FOS), contribuindo para o estímulo do desenvolvimento de uma série de organismos bons para o intestino. “Estávamos fazendo uma pesquisa para substituir o uso de antibióticos, pois atualmente há uma série de bactérias se tornando ultra resistentes aos medicamentos. Resolvemos armar as bactérias inimigas que queríamos combater, começamos a fazer esse processo e conseguimos obter os resultados de conversão alimentar, contribuindo para reduzir a mortalidade. Como você superprotege o intestino, os animais testados passam a viver mais tempo.”
Na visão de investidores e pesquisadores japoneses, que contribuíram para a pesquisa mencionada, eles nunca haviam presenciado uma produção de bacilos tão extraordinária, pois resolve problemas de microbiose intestinal de frangos, por exemplo, colaborando para a participação da área de pesquisa e inovação no setor agrícola.
Fazendo a diferença
Foi apresentado um levantamento da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, que buscou analisar as descobertas científicas dos últimos 200 anos através de sua origem: apenas 3% das inovações haviam sido realizadas, de fato, dentro da universidade, ao passo que 40% das realizações aconteceram em laboratórios e 60% de forma espontânea – comprovando que não é preciso, obrigatoriamente, ser um destaque acadêmico para constituir ideias interessantes e inovadoras.
“Todo mundo tem ideias inovadoras, mas acabam não as expondo por medo ou por falta de incentivo. Então, precisamos pensar em maneiras de contribuir e desenvolver novas ideias, ajudando as equipes nas invenções. O projeto inventivo tem que ser desmistificado e a inovação é sobre isso, é atirar onde viu, mas acertar onde não viu. A prática tem mostrado que ainda há muito medo neste sentido e menos aptidão para testar riscos” destacou o palestrante.
Para ele, a inovação está diretamente atrelada aos recursos humanos, pois não dependem de laboratórios sofisticados, mas apenas da mente das pessoas – de modo que, só após o desenvolvimento das ideias, elas acabam sendo levadas aos centros de pesquisa. No sentido da Saúde, Nehmi expressou perceber que a Medicina trabalha em cima da especialidade, barrando um espaço que poderia ser compartilhado com outras áreas de conhecimento – para, em conjunto, promoverem a resolução de problemas de forma mais fácil.
Ainda no contexto da inventividade, o especialista complementou que no futuro haverá diversas tecnologias sustentáveis, mas inviáveis economicamente. O aquecimento global é um grande problema que afeta o mundo, particularmente o Hemisfério Norte, ao passo que o Brasil se encontra relativamente bem, já que há grande absorção de gás carbônico, mas pouca emissão, além do País estar cercado de oceano. Sendo assim, o engenheiro concluiu sua apresentação destacando que as mudanças nas condições climáticas serão um fator decisivo para a migração ao Hemisfério Sul, possibilitando que os hospitais tenham muitos novos pacientes para tratar.
“É muito bom ter essa conversa com uma visão tão positiva e otimista, nos ajudando a compreender como funciona a mente de alguém que está sempre borbulhando de ideias, como a do nosso convidado. Hoje, podemos perceber que é possível inovar os processos, se não ficamos focados apenas nas coisas do dia a dia e acabamos não evoluindo”, finalizou o moderador do encontro.
Fotos: Reprodução do evento