A maioria das pessoas espera apenas que seus cabelos fiquem grisalhos, naturalmente prateados, mas inúmeras outras mudanças nos fios aparecem à medida que envelhecemos. Eles tornam-se menos densos, mais rebeldes, quebradiços e existe uma dificuldade maior em fazê-los crescer.
—Cabelos espessos e brilhantes são a marca registrada da juventude. Porém, como tudo que muda com a idade, seu cabelo também sofre as consequências — explica Erika Schwartz, especialista em medicina integrativa que fundou a Evolved Science, uma clínica de longevidade em Nova York, nos Estados Unidos, que oferece uma variedade de tratamentos para lidar com cabelos finos e sem brilho.
Enquanto muitos médicos têm observado queda de cabelo entre pacientes que tiveram Covid-19 ou que sofrem com estresse, a perda de fios e as mudanças de textura relacionadas ao envelhecimento exigem uma abordagem diferente para que o problema seja tratado efetivamente.
—Tirando os transplantes capilares, você não pode fazer um tratamento por um tempo e simplesmente parar. Você precisa continuar se quiser manter resultados — ressalta Gary Linkov, cirurgião plástico facial e de restauração capilar americano.
Aqui, respondemos a algumas das perguntas mais urgentes sobre o que está acontecendo com seu cabelo e quais tratamentos podem realmente valer a pena.
O que acontece com o cabelo à medida que envelhecemos? — Para começar, há uma perda de melanina, razão pela qual o cabelo fica grisalho ou branco — explica Marnie Nussbaum, dermatologista de Nova Iorque.
Quando isso vai acontecer, muitas vezes é determinado pela genética, assim como o quanto a linha do cabelo recua ou, como é mais comum em homens, quando ocorre a calvície. Ainda assim, para quase todos, o ciclo de crescimento diminui, atingindo uma fase mais longa de manutenção, ou telógeno, do crescimento do cabelo.
Ao mesmo tempo, os mudanças no folículo fazem com que cada fio de cabelo emerja do couro cabeludo com um diâmetro mais fino, um processo chamado de “miniaturização”.
— O resultado geral são cabelos mais ralos e finos — afirma Nussbaum.
Mas isso não é tudo. De acordo com Schwartz, mudanças hormonais, especificamente nas mulheres, que causam menor produção de estrogênio e progesterona, também diminuem a produção de sebo, o emoliente natural que reveste o cabelo e o faz parecer brilhante. E como o cabelo não está protegido e hidratado, é mais propenso a quebra e danos causados pelo calor ou pelas tintas para os cabelos brancos.
Após os 50, não consigo deixar meu cabelo crescer além dos ombros —Digo às pacientes que elas não estão imaginando, o cabelo realmente passa menos tempo na fase de crescimento à medida que envelhecemos. Menos tempo crescendo ou mais tempo descansando significa que o fio provavelmente cairá antes de atingir o comprimento desejado — esclarece Dendy Engelman, dermatologista de Nova Iorque.
—Pense no seu couro cabeludo como terra seca, quando está desidratado, os cabelos ficam menos enraizados. Você não pode controlar sua idade e não pode controlar seu DNA, mas pode controlar o componente de estresse oxidativo do couro cabeludo da perda de cabelo —afirma Jeni Thomas, cientista e pesquisadora da Procter & Gamble, que cria produtos para higiene, e fundadora do KeepItAnchored, uma linha de cuidados capilares americana.
Meu cabelo é incontrolável e tem frizz. Devo trocar de produtos? — Muitas mulheres descobriram o que funcionava para elas aos 30 anos, mas depois são atingidas por mudanças aos 40 anos e precisam descobrir novamente — explica Debra Lin, cientista, engenheira e chefe de produto e inovação de outra linha capilar.
Lin indica condicionadores formulados com manteigas vegetais ricas em ácidos graxos como manga e macadâmia e óleos feitos de sementes de girassol e camélias, por exemplo, para baixar os fios e diminuir a quebra sem deixar o cabelo com aspecto oleoso e sem movimento.
Óleo de Argan e silicones podem ajudar a melhorar a capacidade de controlar os fios, outra reclamação de muitas mulheres com mais de 50 anos.
—Sabemos que a curvatura da fibra do cabelo muda e fica menos regular à medida que envelhecemos, mas não sabemos exatamente por que—diz Thomas.
John Barrett, um cabeleireiro que cuida dos cortes de personalidades americanas como Martha Stewart e Hillary Clinton em seu salão, aconselha as clientes a lavar o cabelo não mais do que duas vezes por semana com xampu suave e dormir com máscaras hidratantes para melhorar a maleabilidade e brilho. Seu mantra: faça menos.
— A maioria dos problemas capilares são causados pelas próprias pessoas — ressalta Barrett.
Shampoos de tratamento, suplementos e séruns realmente funcionam? Sim, mas escolha sabiamente. A maioria dos shampoos e cremes de pentear especiais atuam melhorando o fluxo sanguíneo para os folículos.
Linkov destaca que a única solução tópica com pesquisa científica é o minoxidil, que dilata os vasos sanguíneos podendo prolongar o crescimento dos fios.
Alguns médicos também estão prescrevendo finasterida, tradicionalmente tomada como pílula, que impede a conversão da testosterona em DHT, um andrógeno (hormônio sexual masculino) ligado à queda de cabelo em homens e mulheres. Mas a finasterida não deve ser tomada por mulheres grávidas ou que podem engravidar.
Suplementos, da mesma forma, podem ser úteis. A fase 1 do ensaio clínico de um suplemento que utiliza pó de maca, sawpalmetto e outros ingredientes para combater a queda de cabelo relacionada às alterações hormonais na perimenopausa e na menopausa, foi publicado recentemente.
— Tem estudos clínicos robustos e boa reputação entre dermatologistas — afirma Marina Peredo, que também é dermatologista em Nova Iorque.
Suplementos adaptados à idade, tipo de cabelo, estilo de vida e outros fatores, e o medicamento prescrito espironolactona, que é um bloqueador de testosterona e também age na acne, são indicados por Engelman.
Fonte: O Globo
