Palavra do presidente – Livre Opinião

"O livre arbítrio é a essência da liberdade. Ele deve ser cultivado e praticado com todo cuidado, o que implica defender o direito que tem o próximo de exercê-lo."

Artigos

José Luiz Gomes do Amaral
Presidente da Associação Paulista de Medicina

Publicado na edição 732 – jun/jul de 2022 da Revista da APM
Foto: Laílson Santos

Ao homem, nos foi dado poder de decisão sobre nós próprios.

O livre arbítrio é a essência da liberdade. Ele deve ser cultivado e praticado com todo cuidado, o que implica defender o direito que tem o próximo de exercê-lo.

A discordância nunca deve levar ao desrespeito pela opinião contrária.

Não raro, nos vemos compelidos a buscar aliados para fortalecer nossas posições. Nesse mister, o convencimento é, de muito longe, a melhor forma de conseguir apoio. O processo de convencimento só
acrescenta benefícios ao desiderato inicial, visto que o diálogo é poderosa ferramenta para o aprimoramento da opinião. Ouvir diferentes pontos de vista solidifica a ideia primária, ou mesmo evidencia inconsistências, dando oportunidade de correções de rumo.

Condições sine quibus non para auferir tantas vantagens são abrir e manter o diálogo, guardando
a disposição de mudar de ideia. No diálogo, os participantes têm pontos de vista iniciais, mas
admitem posição final diversa.

Pode-se escolher pedir apoio, sem dialogar; pode-se comprar apoio, ou até exigi-lo. Estas três
alternativas têm muito em comum. Pedir é comprar, e aqui a moeda é a amizade. É comprar com a
amizade. Exigir é ameaçar implícita ou explicitamente, é comprar com a moeda da autoridade. Quem a
usa, desce na hierarquia e enfrenta a incerteza da entrega.

Pedir a alguém que se posicione contra suas convicções pode ser desnecessário, visto que o c convencimento poderia bastar. Deixa o solicitante na posição de devedor. Implica no risco de desgaste do relacionamento, em caso de negativa.

A compra pode custar demasiado; pode fracassar, caso não haja vontade de vender. A exigência pode
fracassar e exaurir a autoridade. Tem-se de considerar que a imposição, mesmo quando obedecida,
implica em apoio duvidoso e fere com profundidade imprevisível as relações interpessoais. Quando o diálogo chega à exaustão, não se impõe desistir, mas descansar, refletir, recolher argumentos e rever posições. E retomá-lo tão breve quanto possível.