Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) mostram que o câncer de fígado foi o sexto que mais causou a morte de homens no Brasil em 2020. Em mulheres, ficou em sétimo. Para especialistas, o tumor é um dos mais perigosos por ter poucos sintomas na fase inicial. Alguns perfis de pacientes devem fazer monitoramento periódico.
— Costumamos dizer que o fígado é traiçoeiro porque não causa sintoma. Essa é a grande discussão e a grande problemática do órgão. Quando os sintomas do câncer aparecem , já está em uma fase mais tardia — diz o cirurgião de fígado e pâncreas Ben-Hur Ferraz Neto, livre-docente pela Universidade de São Paulo.
Os principais sintomas da doença são dor e inchaço abdominal, perda de peso inexplicada e icterícia (tonalidade amarelada na pele e nos olhos). Quando esses sinais aparecem , o câncer já está avançado.
O câncer de fígado pode ser de dois tipos: primário, quando começa no próprio órgão; ou secundário, quando tem origem em outro órgão e a metástase atinge o fígado.
Entre os tumores primários, o mais comum é o hepatocarcinom a. Esse tipo de câncer aparece principalmente em pacientes com doença crônica no fígado, como cirrose e esteatohepatite. Por isso, segundo Ferraz Neto, pessoas com problema crônico no órgão devem ser avaliadas no máximo a cada seis meses.
—Se a doença for diagnosticada precocemente, existe a possibilidade de realizar um tratamento curativo em mais de 90% dos casos. Na fase avançada, a chance de cura é praticamente nula — explica o médico.
As avaliações de rotina desse grupo de risco incluem exames de sangue com provas de função do fígado, rastreio de um tipo de marcador tumoral e um ultrassom de abdômen. Se esses exames trouxerem alguma alteração sugestiva, são necessários exames adicionais como tomografia, ressonância magnética e laparoscopia.
Em fase inicial, o tratamento é cirúrgico na grande maioria das vezes. Pode haver necessidade de retirar parte do fígado ou fazer um transplante. A chance de cura ultrapassa 90% . Em casos avançados, há tratamento, mas não cura. A sobrevida média é de 12 a 18 meses.
A melhor forma de prevenção desse câncer é justamente tomar medidas para evitar doenças crônicas do fígado, como controlar o peso, o colesterol e triglicérides, além de tratar o alcoolismo.
Fonte: O Globo