O Ministério da Saúde decidiu ampliar a campanha de vacinação contra a gripe após a meta de vacinar 90% do grupo prioritário — crianças de seis meses a cinco anos de idade, trabalhadores da saúde, gestantes, indígenas, idosos e professores — não ter sido atingida.
Segundo o Boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgado ontem, houve um aumento nas tendências de longo prazo (seis semanas) e de curto prazo (três semanas) dos casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG). A análise é referente à semana epidemiológica 25, que abrange o período de 19 a 25 de junho.
O quadro de SRAG, segundo o Ministério da Saúde, difere de casos de síndromes gripais comuns por causa de sintomas como falta de ar, baixa oxigenação no sangue e desconforto respiratório — casos mais graves que necessitam de internação. Além da influenza, a síndrome pode ser causada por diferentes tipos de vírus. Na faixa etária mais atingida pela doença (0 a 9 anos), os principais agentes são o vírus sincicial respiratório, o Sars-CoV-2 e o rinovírus.
Marcelo Gomes, pesquisador e coordenador do boletim, explica que um possível sinal de interrupção na tendência de crescimento da curva nacional de casos de gripe, que tinha sido reportado no boletim anterior, não se confirmou.
“Há uma desaceleração (dos casos de gripe), mas ainda se tem um sinal de crescimento mais lento em alguns estados da Região Sudeste que, infelizmente, mantiveram o crescimento. É um cenário de incertezas”, alertou o pesquisador.
Os dados do boletim da Fiocruz mostram que 16 das 27 unidades federativas apresentam indicativos de crescimento na tendência de longo prazo: AL, CE, DF, GO, MG, MS, MT, PB, PI, PR, RJ, RN, RR, SC, SP e TO. Nos estados das regiões Sudeste e Sul há indícios de possível interrupção na tendência de crescimento.
Entre as capitais, 18 das 27 cidades apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo: Aracaju, Belo Horizonte, Boa Vista, Brasília, Campo Grande, Cuiabá, Fortaleza, Goiânia, João Pessoa, Maceió, Natal, Palmas, Recife, Rio de Janeiro, São Luís, São Paulo, Teresina e Vitória.
Em nível nacional, o cenário atual sugere que a situação de casos notificados de síndrome respiratória aguda grave aponta para crescimento nas tendências de longo e curto prazos, “ainda que em ritmo mais lento do que aquele observado ao longo dos meses de abril e maio”, ressalva o pesquisador Marcelo Gomes.
Inverno
A chegada do frio foi um fator que contribuiu com o aumento dos casos de doenças respiratórias, além do relaxamento de medidas protetivas. “Quando estamos em um clima de temperatura mais baixa, a gente tende a fazer encontros e festas em lugares fechados, isso facilita a transmissão do vírus. Em 2020 e 2021, a gente ainda estava com muitas medidas a favor do combate à covid-19, e o clima acabou não sendo tão importante porque o comportamento das pessoas ainda era diferente, mas, agora, isso mudou e a gente vê um aumento de casos de SRAG.”
Fonte: Correio Braziliense