Pneumologia apresenta suas demandas em encontro com a APM

A Associação Paulista de Medicina recebeu membros da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) e da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT) na última quinta-feira, 30 de junho, representando o último encontro que englobou a série de reuniões realizadas durante todo o mês

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Entender as reivindicações e necessidades das diferentes especialidades médicas é um tópico fundamental para a execução de uma medicina de qualidade e que atenda os anseios de seus profissionais. Pensando nisso e a fim de ouvir as demandas da área, a Associação Paulista de Medicina recebeu membros da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) e da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT) na última quinta-feira, 30 de junho, representando o último encontro que englobou a série de reuniões realizadas durante todo o mês.

Na ocasião, estiveram presentes o presidente da APM, José Luiz Gomes do Amaral; o diretor Científico da instituição, Paulo Manuel Pêgo Fernandes; e o superintendente de Estratégia e Marketing, Jorge Assumpção. Representando a SBPT, esteve o membro eleito diretor de Ensino da sociedade, Clystenes Odyr Soares Silva. Já pela SPPT, os participantes foram Suzana Erico Tanni Minamoto, presidente da entidade, e Frederico Leon Arrabal Fernandes, diretor de Relações Internacionais, que participaram por chamada de vídeo.

Iniciando a discussão, Gomes do Amaral, indicou os objetivos da reunião, reforçando a necessidade que a Associação Paulista de Medicina vem tendo em recuperar e fortalecer os vínculos com as especialidades – visto que, inicialmente, grande parte delas surgiu dentro da APM. De acordo com o presidente da Associação, é imprescindível deixar de ouvir os requerimentos do setor e repassar suas necessidades às autoridades, principalmente aos candidatos das próximas eleições.

“Nós queremos mostrar a APM, o que ela representa, o que ela tem hoje e o que busca para o amanhã, além de ouvir sugestões de vocês para que possamos sempre melhorar. Dessa maneira, urge a necessidade de um fechamento de convênio entre a Associação Paulista de Medicina e as sociedades que representam a Pneumologia, de modo que a própria Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia passe a indicar quem ela quer que a represente dentro de nossa instituição. Este convênio abre um leque de possibilidades e fortalece a união de nossa classe”, explicou.

Apresentando o seu ponto de vista, Paulo Manuel Pêgo Fernandes, diretor Científico da APM, explicou que por ter atuado em ambas as associações, consegue ter um panorama mais abrangente das atividades exercidas entre elas, ressaltando de que forma elas são complementares uma a outra. Pêgo pontuou também que as recentes melhorias na estrutura da APM são mais um indício de que a instituição se preocupa em recuperar o vínculo com as sociedades de especialidade, ao proporcionar uma otimização dos espaços – internos e externos – que podem ser utilizados em sua estrutura.

“Eu tive o privilégio da trabalhar na Sociedade Paulista de Pneumologia, local em que eu exerci diversas atividades. Vendo os dois lados, trabalhando na APM e na SPPT, percebo que tem muitas coisas que são complementares, que podem ser otimizadas, implementadas, trazendo benefícios não apenas para as sociedades, mas também para seus sócios. Um exemplo disso é o prédio da APM, que tem sido progressivamente reformado e revitalizado, proporcionando ótimos espaços, então podem contar conosco para trabalharmos juntos”, indicou.

Antes de os pneumologistas assumirem a palavra, o superintendente de Estratégia e Marketing da APM, Jorge Assumpção, exibiu uma apresentação sobre a história da Associação Paulista de Medicina, exaltando os principais projetos de melhorias que foram realizados em sua estrutura recentemente, além de expor a atual reforma no Hotel Fazenda e a criação do IESAPM, que visa expandir a educação dos profissionais da área da Saúde.

Pneumologia apresenta suas urgências

Apresentando o posicionamento da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Clystenes Odyr Soares Silva, membro eleito diretor de Ensino da instituição, indicou que são nos momentos de crise que as grandes oportunidades começam a surgir. Foi dessa maneira que a pneumologia pôde mostrar toda a sua importância e relevância durante a atuação à frente da pandemia de coronavírus.

“Essa união que a APM está oferecendo me faz ter certeza de que estaremos juntos nos principais desafios, que são muitos. O tabagismo ainda é um problema frequente no nosso País, agora temos o cigarro eletrônico, sem contar a acessibilidade dos pacientes aos medicamentos, que ainda é precária. Então temos uma grande oportunidade de mudança e melhoria aqui. Eu tenho certeza que essa interface com a Associação Paulista de Medicina vai ser muito boa e me coloco aqui como um instrumento de ajuda para o que for preciso”, indicou.

Em seguida, o diretor de Relações Internacionais da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia, Frederico Leon Arrabal Fernandes, relembrou que a relação de parceria entre a SPPT e a APM já era de longa data – no sentido de que a Sociedade sempre alugou espaços da Associação para a realização de seus eventos – no entanto, com o passar do tempo, houve um afastamento entre as instituições.

Durante sua fala, Fernandes fortaleceu a necessidade de haver investimentos em educação. “Atualmente temos cerca de três mil pneumologistas no Brasil, estando 1.200 deles concentrados em São Paulo. Mais do que aumentar o número de profissionais especializados na nossa área, devemos realizar investimentos em educação, sabendo diagnosticar e identificar diferentes casos e condições. Eu acredito que a partir daí, a APM consegue ser uma ponta que permite a execução de um projeto de educação continuada, para que assim, possamos trabalhar com essa parceria”.

Ademais, o médico pontuou que é preciso o desenvolvimento de campanhas que englobem doenças respiratórias ainda muito estigmatizadas, como a tuberculose, um problema de saúde pública gravíssimo, além de permitir acesso aos medicamentos para doenças crônicas graves, considerando que ainda há um grande desconhecimento em relação ao tratamento. De acordo com o médico, a fiscalização da venda e do consumo do cigarro eletrônico também é um tópico que sinaliza a necessidade de preocupação.

Preocupações

Para a presidente da SPPT, Suzana Erico Tanni Minamoto, além das reuniões com as especialidades médicas, também há a premência de propagar a interlocução para as Secretarias de Saúde dos diferentes estados. A especialista explica que, apesar da burocracia envolvida no processo, isso facilitaria o acesso às informações técnicas, que são cruciais para a comunicação entre as diversas áreas da Medicina.

Durante sua apresentação, Minamoto considerou que a ascensão dos cigarros eletrônicos na sociedade apresenta um risco, ainda que a longo prazo, visto que não haverá profissionais suficientes para atender todos aqueles que sofrerem de alguma síndrome decorrente do instrumento. Conforme a pneumologista explicou, a informação dos riscos do consumo do cigarro eletrônico não é propagada corretamente, de modo que a venda acaba sendo autorizada, mesmo não sendo regulamentada em nível nacional.

“Não se pode fumar um cigarro convencional em ambiente fechado, então por que os cigarros eletrônicos acabam sendo permitidos? Isso só mostra o nível de desinformação. Pequenas ações precisam ser inseridas para que a educação acerca deste assunto se propague, e, para isso, temos trabalhado na produção de conteúdos que sirvam de alertas a toda a sociedade. Precisamos unir forças para que tudo isso seja atendido e combatido, antes que seja tarde demais”, indicou.

Durante o debate, a médica salientou que há um número desproporcional de médicos espalhados pelo Sudeste, indicando uma desassistência ao Norte e Nordeste. Por isso, também é necessário que os pneumologistas chamem a atenção dos estudantes e residentes para virem para a área da Pneumologia e Cirurgia Torácica, no sentido de desenvolver um planejamento que atenda à demanda e de modo que se integrem novos pensadores, pneumologistas e cientistas no setor.

Encerrando a sua apresentação, a presidente da SPPT reforçou a importância da telemedicina, mas indicou a necessidade de aprimorar a ferramenta a fim de realizar uma utilização efetiva e abrangente do recurso. “É um instrumento amplo, eu acho que nós, como gestores, temos a facilidade de enxergar essa ferramenta, conhecer os seus usuários e propor prevenções efetivas. Mas dentro da saúde pública nós temos uma ineficiência por limitações de recursos financeiros, então eu enxergo que nós teríamos que fazer uma incorporação dessa tecnologia para obter melhores resultados”, concluiu.

Fotos: Marina Bustos