Seguindo o cronograma de reuniões com as sociedades de especialidade – realizadas durante todo o mês de junho – na terça-feira, 28, a Associação Paulista de Medicina recebeu os membros da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia de São Paulo (SBOT-SP) representando a área e discutindo sobre assuntos fundamentais que englobam não apenas a Ortopedia, mas toda a classe médica.
O encontro foi marcado pelo comparecimento do presidente da APM, José Luiz Gomes do Amaral, do 3º vice-presidente da instituição, Akira Ishida e do superintendente de Estratégia e Marketing, Jorge Assumpção. Pela SBOT-SP, estiveram presentes Roberto Yukio Ikemoto, presidente da instituição, acompanhado do coordenador da Comissão de Defesa Profissional, Yussef Ali Abdouni, e do membro da Comissão de Defesa Profissional, Igor Marijuschkin.
Iniciando a abordagem, o presidente da Associação Paulista de Medicina explicou que, por conta de sua amizade de longa data com Ishida, sempre teve uma convivência muito próxima com a Ortopedia, de modo que espera que o encontro represente a primeira de muitas reuniões com a SBOT. Gomes do Amaral relembrou a história das sociedades de especialidade dentro da APM, salientando que atualmente há uma enorme necessidade de recuperar o vínculo da Associação com elas, para assim, fortalecer a união da classe médica e de sua tomada de decisões.
Assumindo a palavra, o 3º vice-presidente da APM e também ortopedista, Akira Ishida, exaltou o trabalho que Gomes do Amaral vem feito em prol do associativismo médico nos últimos anos, relembrando a sua atuação à frente da Associação Médica Brasileira e da Associação Médica Mundial, destacando que o médico está trazendo para a Associação Paulista de Medicina a sua experiência, que engloba tanto o cenário nacional, quanto o internacional.
“A nossa Associação é plural porque ela tem como missão não apenas defender uma boa prática da medicina, mas também a classe médica. Para isso acontecer, é preciso ter um convênio com cada sociedade de especialidade pois elas, sozinhas, não se mantêm, por isso há a necessidade de ter alguém para moderar e modelar esse sistema, cabendo tal papel à AMB em termos de Brasil e à APM em termos de São Paulo”, destacou.
Menções da Ortopedia
O presidente da SBOT-SP, Roberto Yukio Ikemoto, sinalizou que tudo o que foi abordado durante a reunião vai de encontro com os ideais defendidos pela Ortopedia, indicando que os dois principais focos da especialidade estão diretamente relacionados à formação e às condições de trabalho do médico ortopedista. O especialista mencionou também a sua grande preocupação com o número exacerbado de escolas médicas que vêm surgindo na América Latina, predominantemente no Brasil.
“Nós nos preocupamos muito com a residência médica em Ortopedia. Atualmente temos um número assustador de residentes desistindo de sua formação. Além disso, também pensamos muito em relação à defesa do médico, englobando tanto a rede particular, quanto o SUS. Acho que essas são coisas fundamentais para serem debatidas e levadas aos parlamentares no sentido de apresentar as nossas exigências às autoridades”, explicou Ikemoto.
Já Igor Marijuschkin, membro da Comissão de Defesa Profissional, ressaltou a importância da valorização do trabalho do médico, destacando que atualmente a profissão é explorada com cargas horárias abusivas, além de ser muito mal remunerada. Para o ortopedista, é fundamental que os médicos desenvolvam uma frente ampla para que seus anseios possam ser ouvidos e respeitados por representantes do País que estão em Brasília.
“A medicina está indo para um caminho que é assustador, principalmente porque hoje as pessoas se formam e não conseguem mais arrumar um emprego fixo. São obrigadas a dar plantão em locais que pagam apenas cinco mil reais por mês para atender 200, 300 consultas por mês, sem contar o número de cirurgias que acontecem nesse meio tempo, então essa é uma realidade assustadora. Não podemos perder o foco de mudança, caso contrário essa situação vai se estender e aí como é que vamos estar daqui a alguns anos?” questionou.
Por sua vez, o coordenador da Comissão de Defesa Profissional, Yussef Ali Abdouni, reforçou o que foi dito por seus colegas, evidenciando que a distribuição de médicos ao redor do Brasil é desigual e focada nas grandes metrópoles, esquecendo de abranger regiões remotas, como no caso de municípios que estão localizados no interior do Norte do País, por exemplo. Neste sentido, o médico apresentou algumas das principais propostas que estão sendo pensadas pela instituição, no sentido de otimizar a prática da Medicina.
“Temos que pensar em formas de sermos mais proativos. Tentar frear a abertura de novas escolas médicas, criando um exame de proficiência, por exemplo. Uma outra vertente é incentivar os serviços de residência, levando em conta que atualmente o número de desistências tem sido muito alto, como já mencionado. Nós queríamos que o título de especialista fosse unificado entre o MEC e a AMB, e, além disso, também precisamos pensar em maneiras de valorizar e resgatar a atuação do Sistema Único de Saúde. Por fim, é necessário pensar em algo muito sério, que tange a violência no ambiente de trabalho, buscando proteger e assegurar os médicos diante de situações adversas”, descreveu.
Os especialistas reforçaram a discussão acerca da importância de um exame que teste o conhecimento dos alunos após o final da graduação e da residência, no intuito de colocar profissionais de qualidade no mercado. O final do encontro foi marcado por uma apresentação realizada por Jorge Assumpção, exibindo a trajetória da Associação Paulista de Medicina, indicando os principais serviços e benefícios por ela disponibilizados, além de exaltar a estrutura da instituição e os seus mais recentes projetos de melhorias.
Fotos: Marina Bustos